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Fantasma do passado

 

Tudo tão calmo. Parecia mesmo mais uma tarde qualquer de domingo. Minhas amigas aqui, risos, brigadeiro, desabafos, mais brigadeiro… Mesma normalidade de sempre.

Mas sabe quando o passado vem e fica ali, bem na entrada da sua casa? Então, foi isso que aconteceu. Literalmente.

Eu nunca imaginaria. Ele ali, a três metros de distância, no lugar onde eu me sentia livre de você, no presente. Tudo bem, eu podia suportar, claro que podia, aliás, quem não pode?

Eu tive uma sensação estranha, como se nossos dois mundos girassem em direções opostas e estivéssemos destinados a nos esbarram em cada volta que eles dessem.

Destinados? Realmente, eu sou uma idiota. É super normal sair por aí culpando o destino por tudo. De verdade, no meu caso é. Afinal, se não é pra mim, por que entra na minha vida? Olha que ótimo, acho que pra isso eu tenho uma resposta! Sabe aquela sensação incrível de, uau, eu finalmente tenho um quarto só meu! Agora sim conquistei minha liberdade! Então, na boa, nada muda. Você ainda precisa pedir o tênis do momento para seus pais.

Tudo bem eu fugi totalmente do assunto, mas com ele foi assim. Com ele eu achei que tudo ia começar a mudar. Eu ia ser como aquelas garotas de filmes de colegiais que tem um namorado perfeito, que canta, dança e salta de paraquedas. E até que Pimba! A realidade me chamou e eu continuei a mesma. Mesmíssima. Ainda era uma medrosa. Só que agora eu tinha um coração quebrado. Que loucura, né? Tanto rodeio pra chegar a uma primeira decepção amorosa. Primeira, sim. Acredito que meu ódio mortal da paixonite da pré-escola não se classifique como uma decepção (mas eu fiquei muito chateada quando a família dele resolveu mudar de bairro e ele me abandonou nos meus seis anos)

Mas ele, ah que raiva, não mudou de bairro. Ele mudou de vida. Mudou da minha vida. Pegou a mala e guardou o que era seu e até o que era meu também. Ei, cadê meu coração que estava aqui? Esqueceu de me devolver ele, garoto! Mas as lembranças, essas ele deixou comigo… Estão ainda aqui, guardadinhas. Mas um dia eu tranco elas e perco a chave, do mesmo jeito que você vai perder meu coração, porque ele vai voltar pra mim, pra que eu, no auge da minha ilusão, saia oferecendo ele por aí. Afinal de contas, se não foi é porque não era pra ser. Não naquela hora. Sabe a pessoa certa na hora errada? V-O-C-Ê.

Simplesmente não mudava nada o fato de você estar ali, tão perto, porque mesmo perto você continuava longe. Longe de mim. E era isso que me derrubava. Passaram quase dois anos e nada, eu ainda me sinto ligada a você. Por mais que eu não queria admitir, você foi importante, ao menos pra me ensinar que meu mundo não é encantado e, por mais duro que seja, nós não podemos mudar as pessoas.

13 comentários em “Fantasma do passado”

  1. Deu um nó na garganta. Não importa pra onde a gente vá, eles sempre nos acompanham. Por anos tentei fugir de um passado e quando menos assutei ele bateu na minha porta (ou melhor, na cara) e eu simplesmente não soube lidar com isso. Mas o tempo foi legal comigo, tive um sacode na vida e consegui encarar de frente. Mas o sentimento nunca morreu. É a vida…

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